segunda-feira, 14 de julho de 2008

Nódoa nº 3 - Carlos Cruz (conclusão)


(... Nesta estávamos a jogar à "apanhada" na praia de Carcavelos...)

Como (infelizmente) há muita informação, vou cingir-me a uma ou duas coisas sobre este senhor (não existe letra mais minúscula que a minúscula, pois não?) e a sua ascensão e queda.

Se não tivesse mais nada que fazer, agora entrava na questão "inocente ou culpado" mas, para quê perder tempo com isso? Se olharmos bem para o seu percurso, facilmente se percebe que se não for culpado disto, de outra coisa qualquer há-de ser... (eu sei que isto foi estúpido de se dizer. Mas às vezes apetece-me.).

Vejamos então: tudo corria bem ao sr. Cruz na década de 80: uma figura conhecida por grande parte dos portugueses com televisor em casa, graças ao "1, 2, 3!" (as coisas que um concurso não faz por nós...), vidinha organizada, um casamento (que começou a evidenciar algumas fragilidades) não obstante o casal ter uma filha (como se isso contasse para alguma coisa!) e algumas fotos aqui e ali.

Entretanto, porque não dar o salto seguinte? O "Sr. Televisão" juntou umas massas e criou a "CCA - Carlos Cruz Audiovisuais" e pendurou-se - onde é que havia de ser? - na RTP, com uns quantos contratos de produção, que lhe renderam umas boas coroas. E os meses tornaram-se anos.

E começaram a surgir os primeiros sinais de mudanças : primeiro, o divórcio e a troca por um modelo mais recente - um upgrade pessoal e familiar, chamemos-lhe assim.


Em seguida, o escândalo Pedro Caldeira (cf. Nódoa nº 1), que terá deixado o sr. apresentador em maus lençóis ou pelo menos a balançar. Ele mais a empresa dele e mais os seus luxos públicos e privados (tanto quanto é dado perceber.).

Na sequência da perda de uma avultada quantia de dinheiro e não obstante o processo em tribunal, o que é facto é que a ganância do sr. Cruz veio colocar a CCAudiovisuais numa situação menos saudável...

E como não há duas sem três: eis que chega o escândalo Casa Pia.

Sejamos honestos: um tipo maduro, "passarão", que já viu e fez muita coisa, que se casa com uma fulana "modelo-gaja" com idade para ser irmã da filha dele... convenhamos: não há aqui algo indiciador de propensão para a pedofilia?...

Mas adiante.

As coisas não podiam começar da melhor maneira possível para o sr. Cruz: desde a filha, perdão, a esposa, a chegar às instalações da Polícia Judiciária num jipe BMW, como quem ía a caminho de uma festa (o povo detesta estas manifestações de exuberância, fundamentalmente por inveja) até às declarações do seu amigo e guarda-costas (?), afirmando peremptoriamente que "Se ele (Carlos Cruz) é (pedófilo), então eu também sou! Sou eu, é você... somos todos!".

Devem ter sido so 15 segundos de fama mais prejudiciais alguma vez produzidos pela comunicação social portuguesa.

E o processo? Esse lá está, está bonzito, obrigado... Fazendo a sua marcha triunfal, no rigoroso cumprimento do garantismo legal que a nossa lei consagra. Correndo o risco de caír de podre...

Quanto ao sr. Cruz, depois de muitas manobras (nas quais é especialista), passou de vilão e tarado para "coitadinho" e "injustiçado". Para isso é que servem os contactos no meio da comunicação social e das revistas da treta.

Umas quantas capas, umas entrevistas chorosas da esposa (que entretanto começou a aparecer menos deslumbrante nas visitas ao maridinho... e aí está a mesma corja que já se preparava para o espetar na cruz (foi sem querer, este trocadilho) e pegar-lhe fogo, que aparece agora (na altura) a dizer coisas como: "Então o homem é casado e tem filhas e tudo... alguma vez fazia uma coisa daquelas? " ou "Coitado... tão boa pessoa, um homem tão bem apessoado... isto é uma injustiça!..."

Sic est vulgus! (Assim é a populaça!)

Conclusão:

Por este andar, a culpa da existência de crimes é da Polícia!

Mais um triste espectáculo protagonizado por um pseudo-socialite-da tanga - como o são de resto praticamente todos os que se assim auto-denominam. Mas desta vez, com consequências bastante graves.

Fica demonstrado, mais uma vez, o poder da (des)informação desvirtuada pela comunicação social, a qual se vai ajustando às conveniências e compadrios, criando uma realidade e uma verdade só sua, que não admite contraditório nem tão pouco aceita, sem tecer ameaças, a denúncia da sua falta de transparência e de rigor.

Quando Alvin Töffler escreveu os "Novos Poderes" nos idos de 90, nunca pensei que a realidade que se avizinhava fosse tão perturbadora, no que diz respeito ao nosso direito de livre acesso a uma informação livre.

Se ele calha a conhecer a perversidade do sr. Cruz e a sua habilidade para manobrar e ensinar outros a manobrar em seu proveito, passando de demónio a mártir, teria escrito mais um ou dois parágrafos no seu livro...

Sempre disse que, independentemente do desfecho, este processo iria produzir forçosamente uma vítima.

E essa vítima somos nós, os Portugueses. Porque se vencer a Justiça e o sr. Cruz for condenado, perde a sociedade portuguesa, que nunca havia obtido notoriedade neste tipo de lixo; se o sr. Cruz não for condenado, perde o edifício da Justiça e perde a Investigação Criminal e nunca mais nada será feito como deve ser: de forma decidida, sem receio de factores externos e sempre a bem da Verdade.

Enfim... deixa-me lá ir buscar o ácido muriático, que esta nódoa vai ser difícil de tirar...

Bom Fim de Semana,

J.





























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