quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Era impossível falhar esta!






Comecemos pelo fundamental:

Peço desculpa a todas as pessoas que, por um instinto de curiosidade mórbida vieram dar uma espreitadela a este blog.

E peço desculpa por dois motivos: Em primeiro lugar, porque provavelmente estavam a contar encontrar um chorrilho de palavrões, à media de 5 por cada frase e, até agora, estou muito longe dessa meta.

Isto não é o site do sr. Fernando Rocha. Quem manda nesta merda deste blog sou eu e eu é que sei quando é que quero largar umas porras ou não.

(Estão a ver o que é que já me obrigaram a fazer?...)

Por outro lado, tenho estado assoberbado de trabalho, pelo que não tenho tido tempo à hora de almoço, para estar aqui a despejar carga negativa na Internet.

Celebrada que está a homilia, vamos lá ao que interessa.


Como se já não bastassem os "Morangos com Açucar" e o "Rebelde Way", a televisão portuguesa, cada vez mais pioneira na concepção de paradigmas do mau gosto e da destruição progressiva de neurónios dos portugueses, resolveu brindar-nos pela mão (coberta com uma luva de proctologista... sabem o que é, são aqueles médicos que... pronto, ok, sabem...) da SIC com um novo programa "infantil" com o nome singelo - como também é singela a sua apresentadora - de Lucy.

No início não fiz caso.

Lembrei-me imediatamente das aulas de Antropologia, de que recordo vagamente uma alusão a uma caveira de australopiteco (?) a quem havia sido dado este nome e que, da vaga memória que tenho sobre o assunto, teria posto em causa uma determinada lógica cronológica da evolução dos hominídeos... penso que era isto.

Mas, a inexorável verdade acabou por me entrar pelos olhos adentro, há coisa de umas poucas semanas atrás.

A Lucy afinal é a "menina" Luciana Abreu!!!

Para quem possa ter vivido a última década escondido numa caverna, alimentando-se de comida vegan e lendo única e exclusivamente o Jornal de Letras, eu passo a explicar quem é esta criaturinha.

Esta mocinha apareceu há uns anitos atrás (teria os seus 15, 16 anos), numa terreola qualquer, em palco a cantar uma musiquinha num programa da SIC chamado "cantigas da rua" - quando a SIC ainda pensava que a aquisição do José Figueiras à RTP tinha sido um bom negócio...

Off-topic: O tipo era um perfeito idiota petulante quando estava na RTP; ficou pior quando foi para a SIC; hoje é um funcionário amargurado e desiludido com a SIC e arrasta-se a fazer "restos" de programas... e como todos nós sabemos, restos não são uma boa alimentação.

Mais tarde, acharam que a rapariga tinha potencial, já que conseguia passar aquela imagem de boazinha-coitadinha-"é a vida"-"cá vamos andando"-"graças a Deus"-adoro crianças, muito pobrezinha mas honrada, chapa 4, produções Tóbis Portuguesa do tempo do Antigo Regime e resolveram transformá-la na actriz principal da telenovela infantil (outra boa trampa!) "Floribela".

A menina era dócial, gostava de crianças e animais, falava com árvores e nunca baixou as quecas ao longo da série - bendita a castidade!

Nesse aspecto, a SIC está de parabéns: conseguiu um share de audiência impressionante quando, no final da telenovela, ao vivo e a cores, perante uma multidão estérica, transmitiu o beijo na boca entre a "Floribela" e o "Frederico".

Com ou sem "subprime", às vezes até espanta como é que isto ainda não vai pior por cá...

A seguir à telenovela, a Floribela continuou a produzir bons resultados de merchandising, mas via-se que o amor da rapariga pelas criancinhas se ía desvanecendo... em Setúbal, numa das suas aparições para autógrafos, a boa da Floribela - que além de falar com árvores também sabe ver as horas - deixou uma multidão de crianças penduradas sem sequer chegarem perto; crianças e papás que estiveram longo tempo a aguardar na fila, mas... 1 hora de autógrafos são 60 minutos e a amiga das crianças tinha mais o que fazer...

Eu, que sou de compreensão lenta e mesquinho, chamos a isto má organização e gestão de expectativas, crueldade e oportunismo.

Mas isso sou eu...

Entretanto, a saga da nossa heroína levou-a a tornar-se amiga de outro grupo etário e a canalizar a sua energia para áreas onde a boca a abrir para dizer coisas era absolutamente superflua.

Traduzido para português, deixou de entreter as crianças na televisão e passou a entreter os pais nas revistas masculinas!

Entretanto fez uma operaçãozinha ao peito, já que os atributos da jovem passavam pelos sapatos ténis na "Floribela", mas os papás direccionam a sua atenção para outro tipo de áreas e texturas.

E quando finalmente parecíamos libertos desta mocinha muuuuuuuito talentosa, eis que surge Lucy.

Nem os maiores filósofos e epistemólogos contemporâneos conseguiriam de forma tão evidente expressar o axioma "tese - antítese - síntese".

Quando falo de síntese, não estou só a falar da saia curta a contrastar com as botas compridas: estou a falar de um programa que agrada(?) a todos, excepto às mamãs inseguras ou ciumentas lá de casa.

A nossa Luciana Abreu aparece vestida como se tivesse saído da figuração de um filme rodado num bar de Alterne e acreditem que os dialogos e o ritmo do programa ainda realçam características piores: o programa não tem ritmo nem entusiasmo, acomeçar pelos coitados dos garotos que ali estavam no cenário e deviam ser pagos a peso de ouro.

Pontualmente, o co-apresentador lá tem um momento um pouco mais interessante, com pequenas experiências que podem ser feitas em casa pelos cachopos, ams também ele faz parte de um programa apagadíssimo de entusiasmo.

O ponto alto são os momentos em qua a Lucy canta: as letras, fracas e desajustadas a miúdos daquela idade permitem aos pais cortar o som e ver a Luciana a tentar andar lenta e lânguidamente de um lado para o outro, tentando que não se repare que não se dá muito bem com saltos altos...

É triste que num país como o nosso, com todo o déficit de Cidadania que tem, as televisões façam uma campanha terrorista deste género aos pais que pouco tempo têm para estar com os filhos e defendê-los deste lixo sociocultural. É um combate desigual.

Aconselho-vos a verem 5 minutos disto para verem onde quero chegar.

E nem queiram saber o que penso dos Morangos e do Rebelde Way: gastava a Internet toda a escrever sobre isso e depois não ficava espaço para os blogues de clubes de fãs da Lucy...

Post-scriptum: Qualquer maduro malandro como eu gosta de "ver" a Lucy... mas como dizia um senhor que é dono de uma taberna em ... "Para beber um copo de leite não vou agora comprar a vaca!".

E da´-me impressão que este leite da SIC é um bocadinho a dar para o tóxico...

Até breve e fiquem bem.

J.