terça-feira, 29 de julho de 2008

Leiam...


A poucos (mas longos) dias de entrar de férias, eis que sinto uma necessidade incrível de vir aqui postar mais um texto, antes de entrar na minha fase de letargia profissional.

Mas era impossível não o fazer. E por várias razões.

O Sr. Gonçalo Amaral representa para mim, uma maneira de ser e de estar que já não estou habituado a encontrar e, enquanto Português não posso deixar de lhe prestar uma humilde homenagem, manifestando-lhe apreço pelo que fez e solidariedade para aquilo por que vai passar.

É CLARO que comprei o livro. Mesmo que não tivesse qualquer curiosidade em o ler - o que não é o caso -, ainda assim acabaria sempre por comprar, sentindo-o como um pequeno contributo para a causa deste homem, que entendeu que não iria admitir que o humilhassem na sua dignidade pessoal e profissional.

Ao contrário de tantos outros, que são empurrados para aposentações de luxo, vendo premiada a sua grosseira incompetência ou conivência com certas práticas, este Homem - que não tem nenhuma necessidade de "comprar" esta guerra com o "Casal Maravilha" -, resolveu, dentro da lei, não deixar morrer o assunto e não se deixar comer por cúmplice ou por parvo.

Quem ler o livro percebe finalmente porque razão uma polícia conceituada como a nossa tem que" entregar os pontos" e passar o vexame do julgamento de uma canalha popular que os apelida de incompetentes!

É vergonhoso como um Estado soberano como o nosso se presta a tão triste espectáculo!

Mas não admira: quando aparecem pessoas a escrever comentários no Expresso e noutros locais, mais preocupados com o facto de o sr. ser reformado aos 48 anos de idade do que com a importância e repercussões do que vem escrito no livro... bem, cada país tem o povinho que merece.

Gostaria que essas pessoazinhas frustradas, que estão zangadas com alguém porque queriam deixar de fingir que trabalham uns anitos mais cedo, me explicassem o que faz um embaixador de um estado estrangeiro no local de coordenação de uma investigação PORTUGUESA.

Parece-me que fez lá tanta falta como uma viola num enterro... ou talvez não.

O que o senhor embaixador foi lá fazer foi tão-só o trabalho de cão de fila a mando de alguém influente no governo inglês - quem sabe se não terá sido o próprio sr. Gordon Brown, o patusco e desajeitado primeiro-ministro, com quem parece ter havido contactos por parte do Casal Maravilha. Na prática, o que o embaixador quis demonstrar foi que havia interesse no caso por parte do governo inglês...

... mas o interesse num "open and shut case". Na realidade, todas as movimentações externas à coordenação das investigações tiveram por objectivo arrumar o assunto depressa, porque o paizinho e a mãezinha têm mais que fazer que estar a aturar estes bárbaros portugueses!

O senhor embaixador, que não deve ter nada de útil para fazer, pode sempre pedir a exoneração do cargo e ir para inglaterra, onde crianças desaparecidas, abusadas e mortas é o que há lá mais, o que desde logo diz muito desta gentinha - os pais do hooliganismo e das bebedeiras de sexta à noite. Patéticos!

O livro de Gonçalo Amaral é um livro que se lê num instante. É o testemunho ainda um pouco a quente, de um homem que se sente acossado e injustiçado. Que sentiu o caso, deu o seu melhor e não aceita calar a pressão, as mentiras e/ ou incongruências, as manobras de bastidores, o doloroso silêncio e o evidente servilismo do estado português.

Mais do que confirmar a tese do rapto e ocultação de cadáver - pessoalmente, acredito que foi o que aconteceu - o que acaba por aparecer exposto é o retrato de uma força de investigação manietada por pressões externas e impedida de chegar à verdade.

Não acredito que alguém, no seu perfeito juízo, possa considerar normal todo um conjunto de situações, atitudes e até afirmações por parte do "Casal Maravilha" e que aparecem transcritas no livro e fazem parte do processo.

Infelizmente, à medida que vou lendo alguns comentários, o que parece sobressair é o facto de o Homem se ter reformado aos 48 anos! Triste povo mesquinho, o nosso.

Curiosamente, não vi qualquer referência feita à quantidade de dinheiro arrecadado pelo casal Maravilha com todo este processo...

No meio disto tudo, o que espero efectivamente é que o sr. Gonçalo Amaral vá até onde puder ir para não deixar que o seu bom nome seja posto em causa e, para muitos dos seus detractores, desejo que a verdade, mais cedo ou mais tarde venha ao de cima, nem que seja para os ver ás cambalhotas, a morder a língua e a dar o dito por não dito.

Um Grande Abraço para um Homem em vias de extinção,


J.
























aa

sexta-feira, 25 de julho de 2008

Era a reinar com vocês... brincadeirinha...


Ontem, um conjunto de indivíduos que vivem dentro de uma bolha translúcida a que chamarão provavelmente "realidade" não puderam adiar mais o inevitável.

A consulta pública, contra todas as expectativas e desideratos, foi amplamente participada e esclarecedora.

"Como é possível?" Ter-se-ão interrogado alguns destes responsáveis. "Então se estamos num país com os níveis de participação que todos conhecemos e se a consulta pública foi divulgada da forma subreptícia que tínhamos combinado, como é que tanta gente participou?"

Como diria o outro: "It's the Internet, stupid!"

É absolutamente escandaloso e só não me revolta mais porque costumo ter alguma condescendência com a ignorância alheia (eu disse "alguma") e além disso, NÓS levámos a nossa avante.

Para alguém que tenha estado fora do país nos útlimos tempos ou só veja os programas da manhã, do início de tarde e as 20 e tal telenovelas dos 3 canais generalistas de televisão, o que aconteceu foi o seguinte:

Numa atitude sem precedentes - que eu diria até atentatória da verdadeira missão da ERSE, os seus responsáveis apresentaram uma proposta digna do Conselho de Administração da EDP; segundo a ERSE, dado o prejuízo que decorre do incumprimento dos contratos por parte de vários (muitos) utilizadores de energia eléctrica, entendeu a Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos que deveria ser diluído esse prejuízo pelos consumidores cumpridores, tendo ainda proposto uma outra coisa muito engraçada - como se esta já não tivesse bastante piada - que era a actualização trimestral do preço da energia eléctrica.

Ou seja: Os incumpridores safam-se e a malta cumpridora paga o prejuízo que eles causaram;

E de três em três meses corremos o risco de ver os custos com electricidade actualizados e sempre, como se adivinha, na direcção do costume...

O Governo e todos os partidos políticos manifestaram-se contra esta proposta - Aleluia!

A ERSE fez uma obscura consulta pública que por um triz, passava ao lado de toda a gente.

Mas tiveram azar. Graças a muitos cidadãos anónimos mas valorosos, que utilizaram as suas caixas de e-mail para fazer o Bem. E foi assim que também enviei o meu protesto e discordância e mandei ainda para mais algumas pessoas.

Bravo Portugal! Viva a Internet!

Dois pequenos comentários para terminar:

1. Além de ser no mínimo estranho que uma entidade que deve observar a dinâmica e particularidades e necessidades de duas partes envolvidas numa relação de prestação de serviço / consumo, dá que pensar o que leva a ERSE a esquecer-se dos consumidores, da nossa situação económica e dos lucros incríveis que a EDP tem em território nacional e no estrangeiro, sem falar das diversas participações que tem enquanto accionista, em empresas variadas, públicas e privadas. Isto foi uma encomenda, um favor ou um acto tresloucado?...

2. Há males que vêm por bem. A forma categórica como o Governo considerou um disparate semelhante proposta, secundado por toda a esfera política e a forma como rapidamente a sociedade civil se organizou para combater semelhante atrocidade, não se conformando com esta situação, veio mostrar-nos que ainda estamos vivos e respiramos! Não é brigar por brigar ou manifestarmos descontentamentos bacocos para aumentar o peso da agenda política de certos partidos ou indivíduos.

Esta é a genuína essência da contestação em estado de direito: já analizámos; está errado e/ ou é injusto; não queremos; vamos protestar invocando as nossas razões...

... e no fim havemos de ganhar. E a Cidadania e a Liberdade ganham também.


J.


quinta-feira, 24 de julho de 2008

Bandeira hasteada!




Efacec ganha contrato nos comboios de São Paulo
22.07.2008

Agência Lusa:
"A Efacec anunciou hoje ter ganho um contrato de cerca de 80 milhões de euros, em parceria com outras empresas, para executar diversos trabalhos da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos de São Paulo.

O acordo foi assinado no início do mês com a Secretaria de Transportes Metropolitanos do Estado de São Paulo e prevê o fornecimento e instalação de sistemas de sinalização de via, controlo de tráfego, de telecomunicações e de energia para as linhas A e F da rede brasileira.

O contrato terá a duração prevista de 30 meses, constituindo o maior de sempre da Unidade de Transportes da Efacec, que trabalhará em consórcio com a Norte-América Union Switch, em parceria com a brasileira Trens, refere a empresa em comunicado.

A Efacec é a líder do consórcio encarregue de executar a obra, com 40 por cento do valor global contratualizado, tendo sob a sua responsabilidade a implementação das soluções de energia e de telecomunicações que contribuirão para a melhoria da qualidade dos transportes da região.

A empresa liderada por Luis Filipe Pereira sublinha que a obtenção deste contrato é o resultado da estratégia de internacionalização que a Efacec tem vindo a implementar para consolidar a sua presença no Brasil. Este país integra uma das seis regiões internacionais que a Efacec elegeu como foco de actuação prioritária.".



Provavelmente não se apreceberam desta notícia nos telejornais, não é?...

Já agora, referir ainda que no último ano, a NOSSA Efacec empregou mais de 100 trabalhadores; possui tecnologia própria e possui actividade em cerca de 30 e tal países (acho que não estou enganado...).

Pois é... como não havia crianças desaparecidas, ciganos chorosos, incompetência do Governo, dos políticos ou de serviços do Estado... não tinha piada.

Quando ontem soube da notícia, fiquei contente e orgulhoso de ser português!

Já agora, deixo-vos um link para os dias de desespero:

www.portugalmaispositivo.com


Pesquisem e depois digam-me lá se sabiam disto tudo?...


Patrioticamente vosso,

J.









quarta-feira, 23 de julho de 2008

Pulseiras electrónicas


Penso que foi no final da semana passada - ou no início desta - que vi uma reportagem no canal televisivo SIC a propósito de reclusos em prisão domiciliária.

Como não vi desde o início, ainda assim vou correr o risco de ser injusto mas, pela forma como a peça foi conduzida não pude conter uma ou duas lágrimas de emoção:

Coitadinhos dos reclusos que usam pulseira electrónica!

Como é possível que um cidadão respeitador que cometeu um crime, enquadrável numa moldura penal que lhe permite o cumprimento de uma pena de 4 anos, designadamente crimes estradais, estar condenado a um castigo tão perverso?...

Vamos lá a ver se percebi bem e, se não, por favor alguém que me ajude, mas fiquei com a ideia - pelo que foi dito e mostrado -, que o senhor em questão passa o dia a "jogar às cartas com os amigos", a tomar conta do(a) próprio(a) filho(a) e a navegar na net - vai na volta, com um computador roubado, adquirido com uma senha do "Novas Oportunidades", isto é, pago por nós.

Com o calor que tem estado e os níveis de ozono bastante elevados, eu diria até que, no fresquinho do lar é que se está bem!...

Ou seja:

- NÓS, os otários que não podemos desviar-nos do cumprimento de todas as obrigações decorrentes de um estado de direito (com um "d" cada vez mais minúsculo), designadamente, cumprimento das regras do código da estrada, dos prazos de resposta a solicitações do Estado, de que se destaca naturalmente, o pagamento de contribuições;

- Que somos controlados no nosso horário de trabalho com livros de ponto, cartões magnéticos, impressões digitais; que trabalhamos e por vezes nem reconhecimento desse trabalho existe;

- Que sentimos as dificuldades naturais de um país POBRE que somos, apesar de muitos idiotas com baixa auto-estima viverem na ilusão (cf. meu post iphone), agravado por uma conjuntura internacional que nos penaliza mais, devido à nossa pequenez, que a outros estados;

- Que vimos reduzirem-se cada vez mais os direitos consagrados constitucionalmente;

- Que, enquanto somos e não somos extintos (nós, a classe média), carregamos às costas o país, com largas dezenas de milhar de inúteis e parasitas que vivem (e melhor do que se pensa! Um destes dias vou dar-vos alguns números) à conta do Rendimento Social de Inserção e demais protecções sociais, que cometem crimes e ficam em casa a ver televisão e a surfar na internet;

Como é que NÓS podemos aceitar isto com naturalidade?!

Como é que as pessoas lesadas pelo indivíduo que apareceu na reportagem desta televisão decadentezinha que é a SIC podem aceitar este tipo de situação sem se sentirem profundamente injustiçadas?

Está-me cá a parecer que os reclusos somos nós...

Não estou a dizer que é bom estar-se preso, seja por que forma for; mas deixem-me partilhar convosco o seguinte, dizendo desde já que não há nenhuma razão para que estes indivíduos não cumpram serviço comunitário à séria:

Num determinado estado norte-americano (não me recordo qual), existe um Director de Estabelecimento Prisional feminino que foi e continua a ser alvo de forte contestação por parte de grupos que alegam a defesa dos direitos humanos. Ora vamos lá ver de que se queixam estes grupos:

O sr. Director proibiu o uso de roupa própria de cada reclusa, substituindo-a por uniformes de cor neutra em pano cru e proibiu, entre outras coisas, o uso de penteados e maquilhagem por parte das referidas mulheres.

A explicação é bastante simples: o condenado deve associar à passagem pela prisão a ideia de uma experiência desagradável. Se o(a) deixarmos fazer a sua vida dentro da prisão com uma normalidade semelhante à que teria no exterior, facilmente reincidirá no crime e correrá o risco de voltar para cá.

Quanto aos grupos que se mostram chocados com isto, a fazer lembrar uma certa associação auto-proclamada ambientalista, que quer o respeito pelo ambiente para os outros (vão até à área protegida da serra da Arrábida e digam-me lá se não mora lá um senhor destes numa vivenda que não se percebe como ou com que autoridade - moral e não só! - a construiu ali. E se forem até Grândola, perguntem porque razão um familiar desse senhor faz o que lhe apetece em termos ambientais - a começar pela própria casa - denunciando os outros que querem fazer o mesmo...).

Desculpem lá este parêntesis, mas para grupos destes, governantes destes e televisões destas, permito-me parafrasear um grande Cidadão português, filantropo e homem de negócios:

Fuck You!

Joe Berardo


Fiquem bem,

J.

terça-feira, 22 de julho de 2008

iPhone


iPhone packaging.

(Não sei se é assim que se escreve... preocupei-me mais em perceber do que se trata e para que serve...)

Rejubilemos!

Aleluia!

Salvé Ossana Rainha!

A crise acabou!

Somos o Mónaco!

Viva!

Há coisa de uma ou duas semanas, num daqueles momentos em que estou prestes a fazer o meu primeiro sono (22h30 -22h45), sou surpreendido por uma reportagem sobre um grupo de portugueses, alguns em pijama(!) que se encontravam em plena Av. da Liberdade (?), junto a uma loja.

Primeiro pensei que se tratava de algum incêndio num edifício daquela zona, o que justificaria os pijamas de alguns moradores que eventualmente tivessem sido surpreendidos pela catástrofe.

Mas não. Tratava-se de algo bem mais importante e decisivo para a vida daquelas pessoas.

Estavam à porta da loja da Vodafone e também da Óptimus, a fim de adquirirem o novo telemóvel iPhone, o qual haviam reservado há alguns meses atrás.

Desculpe. Importa-se de repetir?...

Pois é. As pessoas encomendam (penso que houve duas mil e tal reservas, no caso da Optimus) telemóveis! E como este é o que se chama um telemóvel XPTO, ainda maior a loucura.

No caso das pessoas de pijama, penso que foi criada uma campanha, segundo a qual, os pijamas mais originais fazendo uso do logótipo da empresa, tinham direito a obter um destes telemóveis.

É triste.

Espero que as pessoas que estiveram disponíveis a fazer estas figuras - e estou a falar também dos que fizeram pré-reservas - tenham vergonha na cara e, em qualquer ocasião que alguém teça junto deles comentários relativos a uma eventual crise que se vive no país, ou a refutem ou educadamente se afastem em silêncio.

Não é aceitável estarmos tão longe de um nível aceitável de amadurecimento democrático e de cidadania! Lamento, mas já não posso aceitar a converseta da treta do costume: "a culpa é dos políticos".

A culpa é dos políticos?! De quais políticos? Daqueles em que votámos? Daqueles em que nem sequer nos dignámos ir votar ou pelo menos votar nulo, marcando uma posição?

Talvez tenhamos os políticos que merecemos... e eles tenham o povinho que merecem...

Mas quando choramos o aumento dos combustíveis e do custo dos bens e serviços e continuamos a povoar o Algarve em todas as tolerâncias de ponto, conduzindo carros de alta cilindrada que ainda não começámos a pagar (nem sabemos se o faremos!), a 220 km/h pela auto-estrada, cujo valor da portagem achamos escandalosamente alto...

Tenho um número para vocês: € 15 000 000,00. Estamos a falar de endividamento em crédito ao consumo. E cerca de 6 a 10% deste montante é considerado como não recuperável.

Talvez seja isto que alimenta esta parvoíce toda: os bancos e instituições de crédito estão de tal forma apostadas em lucrar com todo este negócio e estão a fazê-lo com tanto sucesso que 10% de perdas é um montante perfeitamente aceitável.

Este portuguesismo da fantochada, da mediocridade, do culto do ter, foi é e continua a ser a nossa ruína... agora já no campo tecnológico também.

Daqui vos saúdo, tecnologicamente despesistas, fazendo votos de que não tenham que ser as pessoas honestas, trabalhadoras e sóbrias deste país a ter que pagar a factura dos vossos disparates!

Por último: o telemóvel em questão não permite visualizar aplicações flash que se encontram na esmagadora maioria dos sites da Internet; não permite receber ou enviar mensagens de imagem; tem um GPS fracote / algo impreciso e a bateria tem uma autonomia no mínimo pouco adequada ao tipo de aparelho, com uma autonomia considerada, no mínimo, sofrível.

Já perceberam que não vou vestir pijama e correr para a Av. da Liberdade...

J.














Curtinhas

Como o tempo é escasso, resolvi passar a destilar o meu veneno em mini-doses individuais.

Afinal, se é bom para os detergentes que (quase) tudo limpam, também é capaz de ser bom para mim...


Maddie

Pobre criança, que já lhe devem ter gasto o nome, quer em Portugal quer no Reino Unido e pelas piores razões possíveis.

Costuma dizer-se que não podemos escolher a família. Ela coitada, descobriu isso da pior forma possível.

Vou já avisar que acredito na culpa dos pais. Por isso, quem não quiser ler a partir daqui, está à vontade. Daqui em diante só piora.

Há várias coisas que me irritam solenemente neste caso:

1) A parolice portuguesa habitual, que deu uma atenção desmesurada porque se tratava de estrangeiros; em contrapartida, todos os casos de crianças portuguesas desaparecidas / mortas no nosso país juntos, não tiveram metade da atenção, consideração e envolvimento;

2) Com este tipo de aitutde servil de quem muito se curva, fomos tratados abaixo de cão por uma cambada de bêbados e arruaceiros armados em empertigados (eu sei que estou a generalizar), que são as últimas criaturas com autoridade moral para dar bitates sobre investigação criminal e crianças desaparecidas. Logo eles, recordistas de casos por resolver!

3) Vamos lá a ver se nos entendemos: os McCann e outros amigalhaços puseram-se a fazer aquilo que estes beberrões ingleses e alemães fazem tradicionalemente quando estão no Algarve:
comeram à grande, beberam ainda melhor e espetaram com os putos cedo na cama! E sem requisitarem sequer uma ama que poderia ter sido fornecida pelos serviços do hotel!!!

4) Que raio de gente é esta, que a primeira preocupação que tem num caso destes é arranjar consultores de imagem e advogados?!

5) Já alguém reparou nos largos milhares de euros que eles têm arrecadado a vendar este drama familiar?

6) Já repararam que, a partir do momento que accionaram os seus contactos, nomeadamente junto de elementos do governo britânico, todo o processo começou a esmorecer?...

7) E a pressa de regressar a Inglaterra?...

8) E toda esta pressa no arquivamento do processo, quando é sabido que muitas investigações desta natureza levam anos de trabalho?...

Só de pensar nesta gentinha cruel e negligente, sinto vómitos...

Paz à Maddie, onde quer que esteja. Estou certo que ela terá a capacidade de perdoar a quem lhe fez tanto mal...


J.

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Estão a acontecer tantas coisas giras...

... que resolvi ir postando alguns comentários, intercalando os mesmos com as nódoas...

Afinal, há mais vida para lá da lixivia...

Ameaço regressar a qualquer instante!


J.

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Nódoa nº 3 - Carlos Cruz (conclusão)


(... Nesta estávamos a jogar à "apanhada" na praia de Carcavelos...)

Como (infelizmente) há muita informação, vou cingir-me a uma ou duas coisas sobre este senhor (não existe letra mais minúscula que a minúscula, pois não?) e a sua ascensão e queda.

Se não tivesse mais nada que fazer, agora entrava na questão "inocente ou culpado" mas, para quê perder tempo com isso? Se olharmos bem para o seu percurso, facilmente se percebe que se não for culpado disto, de outra coisa qualquer há-de ser... (eu sei que isto foi estúpido de se dizer. Mas às vezes apetece-me.).

Vejamos então: tudo corria bem ao sr. Cruz na década de 80: uma figura conhecida por grande parte dos portugueses com televisor em casa, graças ao "1, 2, 3!" (as coisas que um concurso não faz por nós...), vidinha organizada, um casamento (que começou a evidenciar algumas fragilidades) não obstante o casal ter uma filha (como se isso contasse para alguma coisa!) e algumas fotos aqui e ali.

Entretanto, porque não dar o salto seguinte? O "Sr. Televisão" juntou umas massas e criou a "CCA - Carlos Cruz Audiovisuais" e pendurou-se - onde é que havia de ser? - na RTP, com uns quantos contratos de produção, que lhe renderam umas boas coroas. E os meses tornaram-se anos.

E começaram a surgir os primeiros sinais de mudanças : primeiro, o divórcio e a troca por um modelo mais recente - um upgrade pessoal e familiar, chamemos-lhe assim.


Em seguida, o escândalo Pedro Caldeira (cf. Nódoa nº 1), que terá deixado o sr. apresentador em maus lençóis ou pelo menos a balançar. Ele mais a empresa dele e mais os seus luxos públicos e privados (tanto quanto é dado perceber.).

Na sequência da perda de uma avultada quantia de dinheiro e não obstante o processo em tribunal, o que é facto é que a ganância do sr. Cruz veio colocar a CCAudiovisuais numa situação menos saudável...

E como não há duas sem três: eis que chega o escândalo Casa Pia.

Sejamos honestos: um tipo maduro, "passarão", que já viu e fez muita coisa, que se casa com uma fulana "modelo-gaja" com idade para ser irmã da filha dele... convenhamos: não há aqui algo indiciador de propensão para a pedofilia?...

Mas adiante.

As coisas não podiam começar da melhor maneira possível para o sr. Cruz: desde a filha, perdão, a esposa, a chegar às instalações da Polícia Judiciária num jipe BMW, como quem ía a caminho de uma festa (o povo detesta estas manifestações de exuberância, fundamentalmente por inveja) até às declarações do seu amigo e guarda-costas (?), afirmando peremptoriamente que "Se ele (Carlos Cruz) é (pedófilo), então eu também sou! Sou eu, é você... somos todos!".

Devem ter sido so 15 segundos de fama mais prejudiciais alguma vez produzidos pela comunicação social portuguesa.

E o processo? Esse lá está, está bonzito, obrigado... Fazendo a sua marcha triunfal, no rigoroso cumprimento do garantismo legal que a nossa lei consagra. Correndo o risco de caír de podre...

Quanto ao sr. Cruz, depois de muitas manobras (nas quais é especialista), passou de vilão e tarado para "coitadinho" e "injustiçado". Para isso é que servem os contactos no meio da comunicação social e das revistas da treta.

Umas quantas capas, umas entrevistas chorosas da esposa (que entretanto começou a aparecer menos deslumbrante nas visitas ao maridinho... e aí está a mesma corja que já se preparava para o espetar na cruz (foi sem querer, este trocadilho) e pegar-lhe fogo, que aparece agora (na altura) a dizer coisas como: "Então o homem é casado e tem filhas e tudo... alguma vez fazia uma coisa daquelas? " ou "Coitado... tão boa pessoa, um homem tão bem apessoado... isto é uma injustiça!..."

Sic est vulgus! (Assim é a populaça!)

Conclusão:

Por este andar, a culpa da existência de crimes é da Polícia!

Mais um triste espectáculo protagonizado por um pseudo-socialite-da tanga - como o são de resto praticamente todos os que se assim auto-denominam. Mas desta vez, com consequências bastante graves.

Fica demonstrado, mais uma vez, o poder da (des)informação desvirtuada pela comunicação social, a qual se vai ajustando às conveniências e compadrios, criando uma realidade e uma verdade só sua, que não admite contraditório nem tão pouco aceita, sem tecer ameaças, a denúncia da sua falta de transparência e de rigor.

Quando Alvin Töffler escreveu os "Novos Poderes" nos idos de 90, nunca pensei que a realidade que se avizinhava fosse tão perturbadora, no que diz respeito ao nosso direito de livre acesso a uma informação livre.

Se ele calha a conhecer a perversidade do sr. Cruz e a sua habilidade para manobrar e ensinar outros a manobrar em seu proveito, passando de demónio a mártir, teria escrito mais um ou dois parágrafos no seu livro...

Sempre disse que, independentemente do desfecho, este processo iria produzir forçosamente uma vítima.

E essa vítima somos nós, os Portugueses. Porque se vencer a Justiça e o sr. Cruz for condenado, perde a sociedade portuguesa, que nunca havia obtido notoriedade neste tipo de lixo; se o sr. Cruz não for condenado, perde o edifício da Justiça e perde a Investigação Criminal e nunca mais nada será feito como deve ser: de forma decidida, sem receio de factores externos e sempre a bem da Verdade.

Enfim... deixa-me lá ir buscar o ácido muriático, que esta nódoa vai ser difícil de tirar...

Bom Fim de Semana,

J.





























terça-feira, 8 de julho de 2008

Nódoa nº 2 - conclusão

Tempus fugit!

Tem estado difícil vir aqui despejar más vibrações porque o tempo (ou a falta dele) tem sido implacável.

Por isso, nada como arrumar com alguma rapidez e facilidade mais uma criatura ilustre do século passado (ainda me custa a pensar na mudança de século... deve ser por estar quase tudo na mesma).

A nódoa de hoje, ao tempo que já passou, parece mais uma daquelas manchas que ficam na toalha branca que se costuma pôr na mesa para receber visitas lá em casa (bolas, mas que exemplo mais pequeno-burguês!) e que, apesar de quase ninguém já reparar, nós sabemos que está lá e onde está.

(Regra geral, tento tapar com um prato ou um talher, cirurgicamente colocado na zona afectada).

Bom, falemos da senhora D. Branca e dos fantásticos anos 80: uma década digna de um filme de Quentin Tarantino, senão vejamos: muito dinheiro a passar de mãos, actos terroristas (FP's 25), o apogeu de algumas gajas provocadoras (as Doce), os devaneios sexuais de um arquitecto registados em vhs de fraca qualidade (Arqtº Quebra-Bilhas, perdão, Tomás Taveira), and so on, and so forth...

Bom, em relação a esta modesta senhora, há que culpar o Estado por lhe ter dado o triste destino da cadeia, não obstante uma burla que se estima de 17 Milhões de contos ao Estado Português. E digo isto com apenas uma ligeira ponta de provocação.

Vejamos: a senhora lançou-se num mercado muito restrito, explicando que conseguia fazer o dinheiro das pessoas crescer mais do que nos bancos, sem recorrer a campanhas publicitárias e com poucas letrinhas miúdas. É claro que, principalmente os cidadãos que tinham um pézito de meia e não achavam grande piada às taxas de juro dos bancos, viram aqui uma forma de fazer crescer as poupanças mais depressita... que mal há nisso?!

É claro que, a D. Branca, tal como o sr. Pedro Caldeira, esqueceram-se de explicar como faziam este milagre... mas ainda assim, quem é que hoje se pode gabar de saber com detalhe o que o(s) seu(s) banco(s) lhe anda(m) a fazer?

A diferença é que a D. Branca não usava a letra miudinha a correr no rodapé do ecrã de televisão (talvez por usar óculos)...

E que dizer do filho de um grande senhor da banca provada portuguesa, estou a falar do Mi...enium / B...P, que terá alegadamente desviado largos milhares de euros da instituição do papá?

Exemplos da verdadeira vergonha que é o sistema bancário nacional - que é o que a mim me interessa - são aos pontapés, por isso, consigo encarar com bastante fair-play o que a D. Branca fez: arrecadar dinheiro à conta de gananciosos-com-a-mania-que-são-mais-espertos-que-os-outros!

Por último, não esquecer este detalhe, que nos coloca na vanguarda da informação-espectáculo à escala planetária, num registo quase hollywoodesco:

A D. Branca até teve direito a uma telenovela no canal público do Estado!!!

Roam-se de inveja, Srs. Gonçaves, Srs. Santos Silva e quejandos!


Com a ameaça permanente de regressar, o vosso

J.


















terça-feira, 1 de julho de 2008

Nódoa nº 1

É um dos meus favoritos: Pedro Caldeira.

Este é o exemplo acabado de que há filhos da puta em todos os estratos da nossa sociedade e que, regra geral, nunca estão sós.

Também me parece um exemplo acabado de uma certa justiça poética que acaba por punir, não só o próprio mas também os que se armaram em espertos e que queriam ganhar dinheiro fácil.

Recordemo-nos um pouco desta história: década de 90, um corrector de bolsa bem sucedido e homem do meio do nosso pseudo-jet-set ou jet-set de trazer por casa, que já tinha com que dar de comer aos filhos e família... resolve tornar-se ganancioso.

E resolve aproveitar-se dos contactos que já possuía - que no meio social em que se movimentava, quer no meio dos seus negócios e junto do seu próprio portfolio de clientes - para lançar um esquema que tinha tanto de milionário como de arriscado: trabalhar com margens de lucro acima das praticadas pelos bancos nas suas aplicações financeiras.

Na prática, a senhora ou o cavalheiro depositavam nas suas mãos quantias significativas de dinheiro que eram entretanto aplicadas pelo senhor corrector, com retornos de lucro bastante razoáveis ao fim de um relativo curto período de tempo.

Uma espécie de esquema da pirâmide, punido por lei, fortemente lucrativo, mas mais sofisticado.

O que o senhor corrector tinha que ir garantindo era uma forte circulação de dinheiro por parte dos seus clientes, de modo a apresentar dividendos no espaço de algumas semanas ou poucos meses, mantendo-os interessados em continuar a investir aquele dinheiro (ou ainda mais) nos seus préstimos. Com o dinheiro de uns ía pagando dividendos a outros e arrecadando a sua margem.

Hoje, quando penso nisto, penso que a grande culpa do sr. Pedro Caldeira residiu em algo tão simples como uma falha de comunicação: então não é que ele se esqueceu de dizer aos seus clientes, entre outras coisas, que:

- Se toda a gente exigisse o seu dinheiro de volta em simultâneo, ele não poderia pagar dividendos a ninguém, já que se limitava a puxar a manta de um lado, descobrindo os pés ou a cabeça consoante os casos;

- A ideia final era, quando atingisse uma quantia avultada do dinheiro que lhe era confiado, provavelmente iria esquecer-se de continuar a pagar dividendos e iria partir para parte incerta.

Pois é... como dizia o outro: "Não explicam..."

Claro que chegou uma altura em que este namoro terminou e o senhor corrector foi apanhado.

Entre as suas vítimas - e aqui é que a doutrina se divide - contam-se várias aves raras do pesudo-jet-set e um cidadão (nessa altura) acima de qualquer suspeita, chamado Carlos Cruz.

Recordam-se dele: apresentava uns programas na televisão, onde apareciam adultos a escolher coisas, mas isso foi antes de se dedicar ao público infantil... fica para outra ocasião.

Estima-se que o sr. Cruz tenha ficado a arder com uma quantia que oscilará provavelmente entre os 10 000 e os 30 000 contos (entre 50 000 e 150 000 euros).

Quem diria que ao fim de apenas alguns anos, o sr. Caldeira e o sr. Cruz poderiam partilhar uma mesma espécie de desfecho, ainda que um relacionado com factos mais tenebrosos que o outro?

Pessoalmente, fiquei muito contente com a forma como tudo se passou.

A investigação funcionou; a justiça funcionou; houve arguido; o arguido transformou-se em réu; o réu foi condenado; e cumpriu pena.

E os tipos que quiseram fazer fortuna fácil foram enrabados a seco, sem beijo na boca, ficaram a arder com uma pipa de massa e foram motivo de chacota de muita e boa gente!

Ai estás a arder?... Halibut para ajudar a passar a assadura do rabinho...


Está na hora de aplicar o tira-nódoas.


Fiquem bem,

J.