sexta-feira, 25 de julho de 2008

Era a reinar com vocês... brincadeirinha...


Ontem, um conjunto de indivíduos que vivem dentro de uma bolha translúcida a que chamarão provavelmente "realidade" não puderam adiar mais o inevitável.

A consulta pública, contra todas as expectativas e desideratos, foi amplamente participada e esclarecedora.

"Como é possível?" Ter-se-ão interrogado alguns destes responsáveis. "Então se estamos num país com os níveis de participação que todos conhecemos e se a consulta pública foi divulgada da forma subreptícia que tínhamos combinado, como é que tanta gente participou?"

Como diria o outro: "It's the Internet, stupid!"

É absolutamente escandaloso e só não me revolta mais porque costumo ter alguma condescendência com a ignorância alheia (eu disse "alguma") e além disso, NÓS levámos a nossa avante.

Para alguém que tenha estado fora do país nos útlimos tempos ou só veja os programas da manhã, do início de tarde e as 20 e tal telenovelas dos 3 canais generalistas de televisão, o que aconteceu foi o seguinte:

Numa atitude sem precedentes - que eu diria até atentatória da verdadeira missão da ERSE, os seus responsáveis apresentaram uma proposta digna do Conselho de Administração da EDP; segundo a ERSE, dado o prejuízo que decorre do incumprimento dos contratos por parte de vários (muitos) utilizadores de energia eléctrica, entendeu a Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos que deveria ser diluído esse prejuízo pelos consumidores cumpridores, tendo ainda proposto uma outra coisa muito engraçada - como se esta já não tivesse bastante piada - que era a actualização trimestral do preço da energia eléctrica.

Ou seja: Os incumpridores safam-se e a malta cumpridora paga o prejuízo que eles causaram;

E de três em três meses corremos o risco de ver os custos com electricidade actualizados e sempre, como se adivinha, na direcção do costume...

O Governo e todos os partidos políticos manifestaram-se contra esta proposta - Aleluia!

A ERSE fez uma obscura consulta pública que por um triz, passava ao lado de toda a gente.

Mas tiveram azar. Graças a muitos cidadãos anónimos mas valorosos, que utilizaram as suas caixas de e-mail para fazer o Bem. E foi assim que também enviei o meu protesto e discordância e mandei ainda para mais algumas pessoas.

Bravo Portugal! Viva a Internet!

Dois pequenos comentários para terminar:

1. Além de ser no mínimo estranho que uma entidade que deve observar a dinâmica e particularidades e necessidades de duas partes envolvidas numa relação de prestação de serviço / consumo, dá que pensar o que leva a ERSE a esquecer-se dos consumidores, da nossa situação económica e dos lucros incríveis que a EDP tem em território nacional e no estrangeiro, sem falar das diversas participações que tem enquanto accionista, em empresas variadas, públicas e privadas. Isto foi uma encomenda, um favor ou um acto tresloucado?...

2. Há males que vêm por bem. A forma categórica como o Governo considerou um disparate semelhante proposta, secundado por toda a esfera política e a forma como rapidamente a sociedade civil se organizou para combater semelhante atrocidade, não se conformando com esta situação, veio mostrar-nos que ainda estamos vivos e respiramos! Não é brigar por brigar ou manifestarmos descontentamentos bacocos para aumentar o peso da agenda política de certos partidos ou indivíduos.

Esta é a genuína essência da contestação em estado de direito: já analizámos; está errado e/ ou é injusto; não queremos; vamos protestar invocando as nossas razões...

... e no fim havemos de ganhar. E a Cidadania e a Liberdade ganham também.


J.


Nenhum comentário: