terça-feira, 22 de julho de 2008

iPhone


iPhone packaging.

(Não sei se é assim que se escreve... preocupei-me mais em perceber do que se trata e para que serve...)

Rejubilemos!

Aleluia!

Salvé Ossana Rainha!

A crise acabou!

Somos o Mónaco!

Viva!

Há coisa de uma ou duas semanas, num daqueles momentos em que estou prestes a fazer o meu primeiro sono (22h30 -22h45), sou surpreendido por uma reportagem sobre um grupo de portugueses, alguns em pijama(!) que se encontravam em plena Av. da Liberdade (?), junto a uma loja.

Primeiro pensei que se tratava de algum incêndio num edifício daquela zona, o que justificaria os pijamas de alguns moradores que eventualmente tivessem sido surpreendidos pela catástrofe.

Mas não. Tratava-se de algo bem mais importante e decisivo para a vida daquelas pessoas.

Estavam à porta da loja da Vodafone e também da Óptimus, a fim de adquirirem o novo telemóvel iPhone, o qual haviam reservado há alguns meses atrás.

Desculpe. Importa-se de repetir?...

Pois é. As pessoas encomendam (penso que houve duas mil e tal reservas, no caso da Optimus) telemóveis! E como este é o que se chama um telemóvel XPTO, ainda maior a loucura.

No caso das pessoas de pijama, penso que foi criada uma campanha, segundo a qual, os pijamas mais originais fazendo uso do logótipo da empresa, tinham direito a obter um destes telemóveis.

É triste.

Espero que as pessoas que estiveram disponíveis a fazer estas figuras - e estou a falar também dos que fizeram pré-reservas - tenham vergonha na cara e, em qualquer ocasião que alguém teça junto deles comentários relativos a uma eventual crise que se vive no país, ou a refutem ou educadamente se afastem em silêncio.

Não é aceitável estarmos tão longe de um nível aceitável de amadurecimento democrático e de cidadania! Lamento, mas já não posso aceitar a converseta da treta do costume: "a culpa é dos políticos".

A culpa é dos políticos?! De quais políticos? Daqueles em que votámos? Daqueles em que nem sequer nos dignámos ir votar ou pelo menos votar nulo, marcando uma posição?

Talvez tenhamos os políticos que merecemos... e eles tenham o povinho que merecem...

Mas quando choramos o aumento dos combustíveis e do custo dos bens e serviços e continuamos a povoar o Algarve em todas as tolerâncias de ponto, conduzindo carros de alta cilindrada que ainda não começámos a pagar (nem sabemos se o faremos!), a 220 km/h pela auto-estrada, cujo valor da portagem achamos escandalosamente alto...

Tenho um número para vocês: € 15 000 000,00. Estamos a falar de endividamento em crédito ao consumo. E cerca de 6 a 10% deste montante é considerado como não recuperável.

Talvez seja isto que alimenta esta parvoíce toda: os bancos e instituições de crédito estão de tal forma apostadas em lucrar com todo este negócio e estão a fazê-lo com tanto sucesso que 10% de perdas é um montante perfeitamente aceitável.

Este portuguesismo da fantochada, da mediocridade, do culto do ter, foi é e continua a ser a nossa ruína... agora já no campo tecnológico também.

Daqui vos saúdo, tecnologicamente despesistas, fazendo votos de que não tenham que ser as pessoas honestas, trabalhadoras e sóbrias deste país a ter que pagar a factura dos vossos disparates!

Por último: o telemóvel em questão não permite visualizar aplicações flash que se encontram na esmagadora maioria dos sites da Internet; não permite receber ou enviar mensagens de imagem; tem um GPS fracote / algo impreciso e a bateria tem uma autonomia no mínimo pouco adequada ao tipo de aparelho, com uma autonomia considerada, no mínimo, sofrível.

Já perceberam que não vou vestir pijama e correr para a Av. da Liberdade...

J.














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