terça-feira, 29 de julho de 2008

Leiam...


A poucos (mas longos) dias de entrar de férias, eis que sinto uma necessidade incrível de vir aqui postar mais um texto, antes de entrar na minha fase de letargia profissional.

Mas era impossível não o fazer. E por várias razões.

O Sr. Gonçalo Amaral representa para mim, uma maneira de ser e de estar que já não estou habituado a encontrar e, enquanto Português não posso deixar de lhe prestar uma humilde homenagem, manifestando-lhe apreço pelo que fez e solidariedade para aquilo por que vai passar.

É CLARO que comprei o livro. Mesmo que não tivesse qualquer curiosidade em o ler - o que não é o caso -, ainda assim acabaria sempre por comprar, sentindo-o como um pequeno contributo para a causa deste homem, que entendeu que não iria admitir que o humilhassem na sua dignidade pessoal e profissional.

Ao contrário de tantos outros, que são empurrados para aposentações de luxo, vendo premiada a sua grosseira incompetência ou conivência com certas práticas, este Homem - que não tem nenhuma necessidade de "comprar" esta guerra com o "Casal Maravilha" -, resolveu, dentro da lei, não deixar morrer o assunto e não se deixar comer por cúmplice ou por parvo.

Quem ler o livro percebe finalmente porque razão uma polícia conceituada como a nossa tem que" entregar os pontos" e passar o vexame do julgamento de uma canalha popular que os apelida de incompetentes!

É vergonhoso como um Estado soberano como o nosso se presta a tão triste espectáculo!

Mas não admira: quando aparecem pessoas a escrever comentários no Expresso e noutros locais, mais preocupados com o facto de o sr. ser reformado aos 48 anos de idade do que com a importância e repercussões do que vem escrito no livro... bem, cada país tem o povinho que merece.

Gostaria que essas pessoazinhas frustradas, que estão zangadas com alguém porque queriam deixar de fingir que trabalham uns anitos mais cedo, me explicassem o que faz um embaixador de um estado estrangeiro no local de coordenação de uma investigação PORTUGUESA.

Parece-me que fez lá tanta falta como uma viola num enterro... ou talvez não.

O que o senhor embaixador foi lá fazer foi tão-só o trabalho de cão de fila a mando de alguém influente no governo inglês - quem sabe se não terá sido o próprio sr. Gordon Brown, o patusco e desajeitado primeiro-ministro, com quem parece ter havido contactos por parte do Casal Maravilha. Na prática, o que o embaixador quis demonstrar foi que havia interesse no caso por parte do governo inglês...

... mas o interesse num "open and shut case". Na realidade, todas as movimentações externas à coordenação das investigações tiveram por objectivo arrumar o assunto depressa, porque o paizinho e a mãezinha têm mais que fazer que estar a aturar estes bárbaros portugueses!

O senhor embaixador, que não deve ter nada de útil para fazer, pode sempre pedir a exoneração do cargo e ir para inglaterra, onde crianças desaparecidas, abusadas e mortas é o que há lá mais, o que desde logo diz muito desta gentinha - os pais do hooliganismo e das bebedeiras de sexta à noite. Patéticos!

O livro de Gonçalo Amaral é um livro que se lê num instante. É o testemunho ainda um pouco a quente, de um homem que se sente acossado e injustiçado. Que sentiu o caso, deu o seu melhor e não aceita calar a pressão, as mentiras e/ ou incongruências, as manobras de bastidores, o doloroso silêncio e o evidente servilismo do estado português.

Mais do que confirmar a tese do rapto e ocultação de cadáver - pessoalmente, acredito que foi o que aconteceu - o que acaba por aparecer exposto é o retrato de uma força de investigação manietada por pressões externas e impedida de chegar à verdade.

Não acredito que alguém, no seu perfeito juízo, possa considerar normal todo um conjunto de situações, atitudes e até afirmações por parte do "Casal Maravilha" e que aparecem transcritas no livro e fazem parte do processo.

Infelizmente, à medida que vou lendo alguns comentários, o que parece sobressair é o facto de o Homem se ter reformado aos 48 anos! Triste povo mesquinho, o nosso.

Curiosamente, não vi qualquer referência feita à quantidade de dinheiro arrecadado pelo casal Maravilha com todo este processo...

No meio disto tudo, o que espero efectivamente é que o sr. Gonçalo Amaral vá até onde puder ir para não deixar que o seu bom nome seja posto em causa e, para muitos dos seus detractores, desejo que a verdade, mais cedo ou mais tarde venha ao de cima, nem que seja para os ver ás cambalhotas, a morder a língua e a dar o dito por não dito.

Um Grande Abraço para um Homem em vias de extinção,


J.
























aa

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