quinta-feira, 12 de junho de 2008

Safaris... para quê?


14/Nov/2007 10:18

(Será que tenho 5 minutos de sossego para escrever isto?...)

Não, não estou a falar da bebida, apesar do anúncio que dava há uns tempos na televisão até ser algo sugestivo - excepto a parte em que a menina estragava as calças de ganga ao galã com as suas garras... enfim, não se pode ter tudo...


Há uns tempos, numa daquelas conversas de bom tom, em que toda a gente leiloa as suas experiências de férias (digo leiloar porque, a cada lance de destino turístico, logo aperece um itinerário mais exótico, distante ou, presumivelmente, mais dispendioso).


Numa dessas conversas, uma senhora, que trabalha no mesmo local que eu, gabava-se das férias da sua vida: um safari no Quénia!!!


Dizia ela que tinha sido uma aventura fabulosa: ver as feras tão perto de nós, a ponto de se conseguir sentir-lhes o odor ou ver a saliva a correr, e a sensação da adrenalina a subir perante o risco iminente de sermos emboscados por aqueles animais famintos, apenas preocupados com a sobrevivência, era um espectáculo inigualável.


A passagem pelas aldeias Quenianas também havia, de algum modo, deixado marcas nesta colega: a miséria, a falta de recursos, de higiene, de cuidados mais elementares, as pessoas mal vestidas, os pedintes, enfim, uma panóplia de misérias que a nossa heroína havia insistido em testemunhar, apesar de não fazer parte do programa turístico previamente definido.


Com o mau feitio genético que tenho, consegui como é meu hábito, ser rude, mal-educado e impertinente de uma vez só e disse, em tom de interrogação e desafio à colega:


E para ver isso tudo foi preciso gastar uma pipa de massa, apanhar não sei quantas vacinas e viajar milhares de quilómetros?


E o Inferno aqui tão perto...

Diria que o meu local de trabalho acaba por ser uma excelente opção de férias, já que congrega, a baixo custo (pelo menos, economicamente falando) todos os desafios e emoções de um Safari num qualquer canto remoto do mundo e com a vantagem adicional de se poder circular a pé!

Duvidam? Então, acompanhem-me:

Membros de gangs - assumidos ou não -, indivíduos ligados à marginalidade da mais diversa natureza, alguns apenas direi que a higiene não está no top ten das suas preocupações (talvez nem no top twenty...), outros salivam quando veem uma rapariga passar; outros aparecem com uma indumentária digna de um arrumador de carros no ponto mais baixo da sua subsistência ocupacional e, quanto a emboscadas estamos conversados: não são poucos os jovens vítimas de agressões ou assaltos mal saem das nossas instalações!


E deixo-vos ainda uma vantagem adicional: este Safari não tem programa definido milimetricamente... vai-se alterando a cada minuto e dura todo o ano!


Não vendemos postais, mas vamos recolhendo alguns artefactos dignos de interesse; o senhor turista faça o favor de vir até cá dar uma olhadela... sem compromisso.


Deixo-vos um desafio, se realmente procuram emoções fortes: se olharem com atenção em vosso redor, verão que de há uns anos a esta parte, o que há mais por aí são safaris... agora escolham o vosso... e carreguem a espingarda.

Beijos e abraços do vosso

J.

Nenhum comentário: