quarta-feira, 18 de junho de 2008

Vamos consumir mais combustíveis!



Tenho ouvido (e sentido) muito sobre as questões dos combustíveis e das flutuações do seu preço, impostos, legalidade dos mesmos, especulação versus custo real, etc., etc.

Como a minha pobre cabeça está demasiado ataviada com letras de cantigas da Amy Winehouse (ou será Amy Crackhouse?), os meus neurónios não conseguem depois processar toda esta informação adicional, pouco importante, aliás e que afecta apenas alguns largos milhões de habitantes à escala planetária.

Ainda assim, vou explicar a minha sugestão de aumentarmos significativamente o consumo de combustíveis.

Como sabem, foi ontem apresentado, pela Honda, o primeiro carro movido a hidrogénio - algo perfeitamente impensável há meia dúzia de anos atrás. Aliás, a Honda tem sido uma das empresas mais esforçadas no que diz respeito à criação de veículos híbridos, pelo que esta apresentação só pode ser surpreendente para quem ande mais distraído.

Ah, já agora: sabem que o material poluente produzido por este automóvel é... vapor de água?...

Este, só por si, já me parece ser um bom argumento para aumentarmos o consumo de combustíveis.

Nesta altura, as 1,2 pessoas que possam ter tropeçado sem querer neste blog e neste post estarão a pensar: este tipo deve ser parvo, maluco ou coisa pior.

Deixem-me explicar então a minha lógica.

Desde o início do ano, já se verificaram algumas dezenas de aumentos nos combustíveis.

Presentemente, é assumido por todos (finalmente assumiram!) que o preço do crude está a ser manipulado pela especulação e não existe falta de produção - é a própria OPEP quem o diz.

Para agravar ainda mais o cenário e aumentar ainda mais o lucro (deles), o brent que nos serve de referência a nós, europeus, em termos de preço do barril de petróleo, equiparou-se ao referencial norte-americano, quando historicamente costumava ter uma diferença de cerca de dois dólares.

Como é sabido, a nossa patriótica GALP detém a exclusividade da refinação de petróleo em Portugal, logo de uma forma ou de outra, "arrasta" a concorrência a praticar o seu preço junto do consumidor. Queres refinação pagas! Ou então, gastas esta margem e muito mais, a transportar do exterior combustível já refinado. Simples, não é?

As perspectivas mais alarmistas referem 2015 a 2020 como o momento em que deixará de existir petróleo no planeta (que possa ser extraído). Algumas das análises mais moderadas sugerem a década de (20)50 para esse fenómeno, o que também não é muito tranquilizador.

Qualquer cidadão confirmará que, desde o início do ano, o combustível que paga já aumentou cerca de umas trinta vezes. O mesmo cidadão confirmará que cada descida cirúrgica tem correspondido a uma imediata subida, superior sempre ao valor previamente ajustado para baixo na semana ou quinzena anterior.

Ora, é fácil de perceber que estes senhores da Galp, da BP, da REPSOL, etc., não navegam à vista. Logo, eles têm uma ideia bastante aproximada da escalada de preços até final do ano... ou até mais. E também têm tendência para acompanhar as descidas pontuais nos mercados.

Como toda a gente sabe, há cerca de duas semanas houve uma baixa no preço do petróleo. Logo, ao fim de quinze dias, a mesma deveria reflectir-se no preço dos nossos combustíveis... agora!

Onde é que está a descida? Se a encontrarem, digam-lhe para me telefonar, que estou preocupado com ela.

A minha lógica é esta:

Se consumirmos mais combustível e mais rapidamente, baixamos a margem de lucro das empresas que comercializam petróleo, porque estamos a retirar uma parte do lucro que deriva de terem combustível armazenado, que compraram por um preço, mas que agora nso estão a vender por outro - o preço actual.

Por outro lado, isto obrigará a OPEP a produzir mais petróleo. Daí resulta que as reservas e jazigos vão mais rapidamente aproximar-se do fim.

Logo, mais empresas, como a BP, vão fazer um esforço mais significativo e rápido para criar formas alternativas de energia, porque quando o petróleo se acabar, ou eles estão noutra onda ou secam e morrem.

Não se esqueçam que o GPL é uma boa solução, mais económica do que se imagina, e mais segura do que muitos querem fazer crer. E além disso, se pedirem (sei que muitas têm), é-vos fornecida uma lista com todos os pontos de abastecimento de GPL do país.


Eu sei que é uma lógica um bocado retorcida e, infelizmente, de difícil implementação. Mas hoje apeteceu-me embirrar com eles, o que querem que vos diga?

Como um amigo meu dizia, há uns anos atrás: "Se o Papa apanhasse uma carrada de SIDA, descobriam logo a cura num instante".

Acho que agora já percebo melhor a publicidade da GALP connosco a empurrar o autocarro da selecção, com o slogan: "A Ambição é uma Energia Positiva".

Andamos nós feitos parvos, a empurrar a Galp para eles chegarem onde querem.

Às vezes irrita...


J.

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